Emnh

O que a Fisioterapia Oncológica faz?

Postado em: 09/09/2020

O que a Fisioterapia Oncológica faz?

A oncologia dentro da fisioterapia é uma especialidade, assim como as especialidades dentro da medicina. Homologada em 2009, vem crescendo e ganhando cada dia mais espaço devido sua importância no tratamento do paciente.

A Fisioterapia oncológica é responsável pelo atendimento de pacientes portadores de câncer e pode atuar nos três níveis de saúde: 

  • Primário: Orientações sobre os fatores de risco do desenvolvimento do câncer e estímulo e adequação da prática de exercício físico;
  • Secundário: Orientações para um diagnóstico precoce;
  • Terciário: Tratamento e resolução de complicações advindas do tratamento oncológico. 

O tratamento oncológico (cirurgia, quimioterapia, radioterapia e/ou hormonioterapia) pode gerar disfunções ou sequelas e a fisioterapia oncológica atende às necessidades específicas de cada paciente, com medidas que visam à restauração da funcionalidade, suporte físico e à paliação de sintomas.

O fisioterapeuta especialista possui o conhecimento específico sobre a doença e suas repercussões sendo capaz de atuar nos sintomas e minimizar ou cessar dor, fraqueza muscular, tensão muscular, fadiga, perda de massa muscular, linfedemas, fibroses, retrações e aderências cicatriciais, diminuição da amplitude de movimentos, encurtamentos musculares, alterações posturais e alterações respiratórias. A atuação é abrangente e compreende os canceres: mama, pélvicos, próstata, intestino, cabeça e pescoço, ósseo e hematológico. 

Referência: COFFITO, 2009. ABFO, 2020.

Você sabe para que serve a Fisioterapia Uroginecológica?

A Uroginecologia é a área da fisioterapia que atua na prevenção e tratamento dos músculos do assoalho pélvico. Estes músculos são responsáveis pela contenção da urina e fezes, sustentação dos órgãos localizados na pelve como a bexiga urinária, útero (mulheres), próstata (homens) e reto, e por favorecer uma atividade sexual prazerosa. 

O fisioterapeuta uroginecológico pode auxiliar homens e mulheres no tratamento e prevenção de:

  • Incontinência Urinária de esforço: perda involuntária de urina aos esforços (tossir, espirrar, dar risada, correr, pular)
  • Incontinência Urinária de Urgência: vontade repentina para urinar seguido de perda involuntário de urina
  • Bexiga Neurogênica: hiperatividade ou hipoatividade da bexiga urinária devido uma lesão nervosa
  • Incontinências Fecais e de Gases: perda involuntária de fezes e/ou gases
  • Constipação Intestinal
  • Prolapsos Genitais: descida dos órgãos pélvicos como útero, bexiga ou reto
  • Disfunções Sexuais: dor durante a relação sexual, dificuldade de penetração vaginal, ressecamento vaginal, alterações do ciclo sexual (anorgasmia, ejaculação precoce), disfunção erétil masculina
  • Dor pélvicas: cólicas menstruais, endometriose
  • Obstetrícia: atendimento a gestante, prevenção de dores relacionadas ao processo gestacional, prevenção de incontinências urinárias gestacionais, preparo para o parto vaginal.

Alterações na funcionalidade do assoalho pélvico podem gerar impacto negativo na qualidade de vida, impedindo as atividades de vida diárias, a prática de exercícios físicos, redução da interação social, fuga do contato sexual e intimidade, necessidade de roupas íntimas especializada, fatores psicológicos como culpa/depressão e perda da autoestima. 

Se apresenta alguma das alterações do assoalho pélvico citadas acima, procure um fisioterapeuta especializado. 

Referência: COFFITO, 2020

Complicações pós operatórias no Câncer de Mama. A Fisioterapia pode ajudar!

O câncer de mama é o mais frequente entre as mulheres no Brasil segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA). Quando diagnosticado precocemente, possui um bom prognóstico, com tratamentos menos radicais e com menor índice de sequelas. A depender do tipo histológico tumoral, o tratamento pode compreender em cirurgia na mama, esvaziamento axilar (retirada de linfonodos axilares), quimioterapia neoadjuvante (antes da cirurgia) e/ou adjuvante (após a cirurgia), radioterapia e hormonioterapia. 

O tratamento pode gerar alterações e/ou complicações como:

  • Seroma (acúmulo de líquido pós-cirúrgico)
  • Deiscência Cicatricial (abertura da cicatriz)
  • Edema na mama e/ou braço
  • Linfedema
  • Dores articulares, principalmente do ombro homolateral ao tratamento
  • Dores musculares
  • Dificuldade de movimentação do ombro (fraqueza e bloqueio durante o movimento)
  • Síndrome da Rede Axilar (cordão linfático fibroso que gera restrição do movimento do membro superior e dor)
  • Alterações de sensibilidade na mama, axila e região interna do braço
  • Radiodermatite (lesões de pele geradas pela radioterapia)
  • Alterações geniturinárias devido hormonioterapia (sintomas da menopausa como calores, ressecamento vaginal, incontinências urinarias, dor na relação sexual)
  • Fadiga oncológica
  • Neuropatia periférica quimio-induzida

Para cada item acima a Fisioterapia Oncológica possui opções para tratar, controlar e solucionar:

  • Drenagem linfática manual
  • Terapias compressivas
  • Pressoterapia
  • Terapias manuais 
  • Hidroterapia
  • Estímulos sensoriais
  • Exercícios específicos para alongamento e ganho de força muscular do membro superior, exercícios aeróbicos
  • Eletrotrofototermoterapia (fotobiomodulação com laser de baixa potência, TENS, FES, quente e frio)
  • Bandagens elásticas funcionais

São diversas as técnicas de podem ser utilizadas, a avaliação de um fisioterapeuta especialista é imprescindível para um tratamento individualizado, indicação correta de cada técnica que gerem repercussões positivas e melhora da qualidade de vida. 

Referências: 

Estimativa 2020: Incidência de Câncer no Brasil. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA). Rio de Janeiro, 2020. 

Bocatto AM, Haddad CAS, Rizzi SKLA, Sanvido VM, Nazário ACP, Facina G. Avaliação de sensibilidade tátil e função de membro superior no pós-operatório de mastectomia comparado à quadrantectomia. Rev Bras Mastologia. 2013;23(4):117-123.

MARX, Angela; FIGUEIRA, Patricia. Fisioterapia no Câncer de Mama. In: MARX, Angela; FIGUEIRA, Patricia. Fisioterapia no Câncer de Mama. Barueri: Manole, 2017. p. 3-333.

HAMBLIN, Michael R.; NELSON, Scott T.; STRAHAN, Justin R. Photobiomodulation and Cancer: what is the truth? Photomedicine And Laser Surgery, [s.l.], v. 36, n. 5, p. 241-245, maio 2018. Mary Ann Liebert Inc. http://dx.doi.org/10.1089/pho.2017.4401.

Bensadoun RJ. Photobiomodulation or low-level laser therapy in the management of cancer therapy-induced mucositis, dermatitis and lymphedema .Curr Opin Oncol 2018, 30:000–000. 

ODYNETS, Tetiana; BRISKIN, Yuriy; YEFREMOVA, Anzhelika; GONCHARENKO, Ievgen. The effectiveness of two individualized physical interventions on the upper limb condition after radical mastectomy. Physiotherapy Quarterly, [s.l.], v. 27, n. 1, p. 12-17, 2019. Termedia Sp. z.o.o.. http://dx.doi.org/10.5114/pq.2019.83056.

Cólicas menstruais e Fisioterapia Pélvica. Qual a relação? 

Cólica menstrual, ou dismenorreia, é uma dor pélvica provocada pela liberação de prostaglandina, substância que faz o útero contrair para eliminar o endométrio (camada interna do útero que cresce para nutrir o embrião), em forma de sangramento, durante a menstruação, quando o óvulo não foi fecundado. A dismenorreia é comum e ocorre durante a menstruação ou algumas horas antes, com sinais e sintomas representados por náuseas, vômitos, diarreia, fadiga, dor lombar, nervosismo, tonturas e cefaleia. 

Classifica-se a dismenorreia em primária, ocorre em mulheres jovens com ausência de lesões orgânicas e sua etiologia ainda não está bem definida, e em secundária que se origina de um processo orgânico que determina congestão pélvica ou espasmo do útero. 

Sua incidência não é bem estabelecida, já que a dor é de apreciação subjetiva, sendo em geral referida espontaneamente pela mulher. É estimado por muitos autores que 52% das adolescentes são afetadas e cerca de 10% delas ficam incapacitadas para o trabalho por 1 a 3 dias todo mês.

A dismenorreia além de gerar incapacidade devido a dor pélvica pode levar a alterações do assoalho pélvico com consequente aparecimento das disfunções sexuais, como dispareunia (dor antes, durante ou após a relação sexual), vaginismo (contração involuntária dos músculos pélvicos) e alteração do ciclo sexual (diminuição de libido e lubrificação, anorgasmia). E disfunções miccionais, 

A fisioterapia é considerada uma terapia complementar para a dismenorreia e tem por objetivo reduzir o quadro de dor, de desconforto e incapacidade laboral. Pode contribuir com:

  • Prescrição de exercício físico, quando realizado de forma regular e com intensidade moderada é capaz de reduzir significativamente a dor
  • Orientações de medidas gerais como bolsa de água quente, banho morno e massagens relaxantes 
  • TENS (Estimulação Elétrica Transcutânea), uso da corrente elétrica para liberação de opioides e redução da dor
  • Fotobiomodulação (laserterapia de baixa potência) melhora da estrutura muscular e dor
  • Exercícios específicos para os músculos do assoalho pélvico (massagem perineal, exercícios de alongamento, fortalecimento e propriocepção)
  • Uso do biofeedback pressórico (visualização da contração e relaxamento dos músculos do assoalho pélvico)
  • Bandagem elástica funcional (estímulo proprioceptivo para alívio de dor)
  • Técnicas posturais / biomecânica global 
  • Acupuntura 

A dismenorreia dever ser tratada, e a função da Fisioterapia Pélvica é proporcionar uma melhor qualidade de vida às pacientes e minimizar o sofrimento.

Possui dificuldade em controlar os sintomas durante o período menstrual? Consulte seu ginecologista e converse sobre as diversas possibilidades para melhora da dor, inclusive a Fisioterapia Pélvica! 

SHIN, Yong-il; KIM, Nam-gyun; PARK, Kyoung-jun; KIM, Dong-wook; HONG, Gi-youn; SHIN, Byung-cheul. Skin adhesive low-level light therapy for dysmenorrhoea: a randomized, double-blind, placebo-controlled, pilot trial. Archives Of Gynecology And Obstetrics, [s.l.], v. 286, n. 4, p. 947-952, 31 maio 2012. Springer Science and Business Media LLC. http://dx.doi.org/10.1007/s00404-012-2380-9.

BURNETT, Margaret; LEMYRE, Madeleine. No. 345-Primary Dysmenorrhea Consensus Guideline. Journal Of Obstetrics And Gynaecology Canada, [s.l.], v. 39, n. 7, p. 585-595, jul. 2017. Elsevier BV. http://dx.doi.org/10.1016/j.jogc.2016.12.023.

CARROQUINO-GARCIA, Paloma; JIMÉNEZ-REJANO, José Jesús; MEDRANO-SANCHEZ, Esther; LACASA-ALMEIDA, Maria de; DIAZ-MOHEDO, Esther; SUAREZ-SERRANO, Carmen. Therapeutic Exercise in the Treatment of Primary Dysmenorrhea: a systematic review and meta-analysis. Physical Therapy, [s.l.], v. 99, n. 10, p. 1371-1380, out. 2019. Oxford University Press (OUP). http://dx.doi.org/10.1093/ptj/pzz101.

CHAVES, Maria Emília de Abreu; ARAðJO, Angélica Rodrigues de; PIANCASTELLI, André Costa Cruz; PINOTTI, Marcos. Effects of low-power light therapy on wound healing: laser x led. Anais Brasileiros de Dermatologia, [s.l.], v. 89, n. 4, p. 616-623, jul. 2014. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/abd1806-4841.20142519.

O que é estenose vaginal?

Estenose = diminuição do canal 

Vaginal = vagina – estrutura muscular e membranosa tubular

A estenose vaginal é o encurtamento e/ou estreitamento do canal vaginal que dificulta:

  • Realização de exames ginecológicos de rotina
  • Uso de absorventes internos
  • Penetração vaginal durante a relação sexual (seja do pênis ou objetos sexuais) 

A estenose vaginal pode ocorrer após cirurgias oncoginecológicas, após radioterapia pélvica externa ou braquiterapia (radioterapia interna). Tais tratamentos podem diminuir a elasticidade do canal vaginal, levando a uma rigidez e encurtamento do mesmo, além de reduzir a circulação sanguínea local e lubrificação vaginal. Essas alterações podem gerar dor, redução da autoestima, impossibilitar acompanhamento da saúde íntima e reduzir drasticamente a qualidade de vida da mulher.

A fisioterapia pélvica oncológica pode auxiliar na prevenção e tratamento da estenose vaginal. Uma avaliação antes da cirurgia e/ou radioterapia possibilita ao fisioterapeuta pélvico orientar a mulher a como proceder com os métodos preventivos e avaliação posterior ao tratamento a tratar essa condição. 

A fisioterapia pode utilizar os seguintes recursos:

  • Orientações sobre sexualidade e anatomia pélvica feminina
  • Exercícios para autoconhecimento e percepção corporal e da região íntima
  • Exercícios específicos para contração e relaxamento da musculatura pélvica
  • Dilatadores Vaginais
  • Termoterapia (uso do calor para relaxamento muscular)
  • Fotobiomodulação (laserterapia de baixa potência)
  • Massagem perineal
  • Biofeedback Pressórico

O uso dessas técnicas são especificas, por isso é importante a avaliação minuciosa do fisioterapeuta especialista para recomendação e tratamento individualizado e segundo o objetivo de cada mulher.

Referências:

SILVA, Rafaela Dutra Nunes da; ROSA, Luciana Martins da; RADÜNZ, Vera; CESCONETTO, Daiana. AVALIAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DA ESTENOSE VAGINAL NA BRAQUITERAPIA: validação de conteúdo de instrumento para enfermeiros. Texto & Contexto – Enfermagem, [s.l.], v. 27, n. 2, p. 1-12, 3 maio 2018. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/0104-070720180005700016.

 MATOS, Sabrina Rosa de Lima; CUNHA, Mariana Lucas Rocha; PODGAEC, Sergio; WELTMAN, Eduardo; CENTRONE, Ana Fernanda Yamazaki; MAFRA, Ana Carolina Cintra Nunes. Consensus for vaginal stenosis prevention in patients submitted to pelvic radiotherapy. Plos One, [s.l.], v. 14, n. 8, p. 1-15, 9 ago. 2019. Public Library of Science (PLoS). http://dx.doi.org/10.1371/journal.pone.0221054.

DAMAST, Shari; JEFFERY, Diana D.; SON, Christina H.; HASAN, Yasmin; CARTER, Jeanne; LINDAU, Stacy Tessler; JHINGRAN, Anuja. Literature Review of Vaginal Stenosis and Dilator Use in Radiation Oncology. Practical Radiation Oncology, [s.l.], v. 9, n. 6, p. 479-491, nov. 2019. Elsevier BV. http://dx.doi.org/10.1016/j.prro.2019.07.001.

CERENTINI, Taís Marques; SCHLÖTTGEN, Júlia; ROSA, Patrícia Viana da; LAROSA, Valentina Lucia; VITALE, Salvatore Giovanni; GIAMPAOLINO, Pierluigi; VALENTI, Gaetano; CIANCI, Stefano; MACAGNAN, Fabrício Edler. Clinical and Psychological Outcomes of the Use of Vaginal Dilators After Gynaecological Brachytherapy: a randomized clinical trial. Advances In Therapy, [s.l.], v. 36, n. 8, p. 1936-1949, 17 jun. 2019. Springer Science and Business Media LLC. http://dx.doi.org/10.1007/s12325-019-01006-4.

O que são dilatadores vaginais? E para que servem?

Os dilatadores vaginais são estruturas de silicone que possuem diferentes comprimentos e larguras para possibilitar o ganho da área do canal vaginal (ou anal) frente a uma estenose ou disfunção que haja dificuldade de penetração neste canal, seja para manter a relação sexual ou realizar exames médicos de rotina.

Há diversas marcas no mercado de diferentes tamanhos e cores. Seu uso deve ser iniciado após avaliação e orientações de um profissional capacitado, como o fisioterapeuta pélvico. 

O uso para mulheres com estenose vaginal deve ser orientado segundo evidências científicas estabelecidas:

  • Iniciar do menor para o maior, a fim de delimitar o tamanho ideal (sem dor ou sensação de aperto após 3 minutos)
  • Uso exclusivo (se compartilhado, utilizar com preservativos não lubrificados)
  • Usar com lubrificantes sempre (vendidos em farmácia – a base de água)
  • Posição confortável e que favoreça o relaxamento da musculatura pélvica
  • Manter de 5 a 10 minutos estático e/ou realizar massagem perineal e/ou exercícios de assoalho pélvico com o dilatador
  • Realizar 2 a 3 vezes por semana
  • Atenção plena no exercício e uso

A prescrição dos dilatadores deve se iniciar após avaliação especifica, treino prévio junto ao profissional e acompanhamento posterior para uso correto. Caso contrário pode trazer danos como: lesão da mucosa vaginal, sangramentos locais, dor, piora do quadro atual e descontinuidade terapêutica. 

Referências:

MATOS, Sabrina Rosa de Lima; CUNHA, Mariana Lucas Rocha; PODGAEC, Sergio; WELTMAN, Eduardo; CENTRONE, Ana Fernanda Yamazaki; MAFRA, Ana Carolina Cintra Nunes. Consensus for vaginal stenosis prevention in patients submitted to pelvic radiotherapy. Plos One, [s.l.], v. 14, n. 8, p. 1-15, 9 ago. 2019. Public Library of Science (PLoS). http://dx.doi.org/10.1371/journal.pone.0221054.

DAMAST, Shari; JEFFERY, Diana D.; SON, Christina H.; HASAN, Yasmin; CARTER, Jeanne; LINDAU, Stacy Tessler; JHINGRAN, Anuja. Literature Review of Vaginal Stenosis and Dilator Use in Radiation Oncology. Practical Radiation Oncology, [s.l.], v. 9, n. 6, p. 479-491, nov. 2019. Elsevier BV. http://dx.doi.org/10.1016/j.prro.2019.07.001.

  Linfedema Pós Câncer de Mama. O que a Fisioterapia Oncológica pode fazer?

O câncer de mama é o câncer mais comum entre as mulheres no Brasil, estimativas do Instituto Nacional do Câncer (INCA, 2020) mostram uma incidência de aproximadamente 30% entre os biênios 2020-2022, ou seja, 66.280 mulheres apresentarão câncer de mama no país. Atualmente, as campanhas de conscientização permitiram maior acesso à informação e consequentemente diagnósticos mais precoces, além da maior tecnologia relacionada ao tratamento. Dessa forma, as taxas de complicações pós tratamento tem diminuído, mas ainda assim dependendo do tratamento empregado teremos que lidar com algumas complicações, como por exemplo o Linfedema. As opções atuais de tratamento do câncer de mama incluem cirurgia, quimioterapia, radioterapia e/ou terapia hormonal. Dentre estes principalmente as cirurgias que compreendem o esvaziamento axilar (retirada dos linfonodos doentes da axila) e a radioterapia podem danificar os vasos linfáticos e linfonodos (gânglios), resultando em diminuição da capacidade do transporte linfático e no acúmulo de líquido intersticial rico em proteínas no tronco e/ou braço. Outros fatores de risco que estão associados ao linfedema são: índice de massa corpórea (IMC), idade e infecções pós operatórias. 

O linfedema é uma doença crônica, pois após instalado o tratamento está relacionado ao seu controle a fim de impedir a evolução para graus mais avançados.  Ao contrário do que a maioria das pessoas pensam, o risco de desenvolver o linfedema aumenta com o passar do tempo, podemos classificá-lo a partir de 6 meses do pós operatório a 3 anos ou mais. O primeiro sintoma que devemos nos atentar é a sensação de peso no braço do lado da cirurgia e/ou radioterapia que não cessa com repouso. Após, de forma lenta e gradual ocorre o aumento do volume do braço, até tornar-se perceptivo e incômodo. Mulheres com linfedema relacionado ao câncer de mama experimentam mais dor, menor mobilidade do braço, pior qualidade de vida e maiores restrições de atividade do que as mulheres sem linfedema. 

Métodos preventivos para o linfedema podem ser orientados, como estimular o exercício físico e fortalecimento do braço com uso de cargas progressivas, manter peso corporal adequado, manter a pele do braço sempre hidratada, cuidados redobrados com ferimentos no braço como cortes, picadas de mosquito e queimaduras sempre mantendo o local higienizado.

Mas se mesmo com as medidas preventivas eu desenvolver linfedema? 

O linfedema possui tratamento e controle com resultados bastante satisfatórios e a Fisioterapia Oncológica possui essas ferramentas. Atualmente o principal tratamento para o linfedema, considerado “padrão ouro”, é a terapia descongestiva complexa, realizada por fisioterapeuta especializado, consiste em drenagem linfática manual ou mecânica respeitando as pressões do sistema linfático, vestimentas compressivas (enfaixamento inelástico, braçadeiras elásticas) e exercícios miolinfocinéticos. Essa combinação é capaz de reduzir o volume do braço e trazer maior conforto estético e funcional. Outras terapias também podem ser empregadas para melhora da função linfática como a fotobiomodulação (laserterapia de baixa potência), pressoterapia (compressão pneumática intermitente), bandagens elásticas funcionais e hidroterapia. 

Referências: 

SMOOT, Betty; CHIAVOLA-LARSON, Laura; LEE, Jeannette; MANIBUSAN, Hidelisa; ALLEN, Diane D. Effect of low-level laser therapy on pain and swelling in women with breast cancer-related lymphedema: a systematic review and meta-analysis. Journal Of Cancer Survivorship, [s.l.], v. 9, n. 2, p. 287-304, 29 nov. 2014. Springer Science and Business Media LLC. http://dx.doi.org/10.1007/s11764-014-0411-1.

Estimativa 2020: Incidência de Câncer no Brasil. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA). Rio de Janeiro, 2020. 

6° Consenso Latinoamericano para el Tratamiento del Linfedema: Guía de tratamiento / José Luis Ciucci  [et al.]; Coordinación general de Enrique Angel Peralta. – 1a ed.- Ciudad Autónoma de Buenos Aires: Nayarit, 2017.

Este post foi útil?

Clique nas estrelas

Média / 5. Votos:

Seja o primeiro a avaliar este post.

Cuidar da sua saúde e da sua família é um ato de amor.

agende sua consulta