Emnh

A luxação glenoumeral consiste no deslocamento de dois ossos localizados no ombro: o úmero (osso do braço) e a glenóide (parte da escápula). Essa luxação acontece quando uma força exercida no local supera os mecanismos que estabilizam o ombro (lábio, cápsula e manguito), deslocando a cabeça do úmero para fora da glenóide. 

E essa condição pode ser de natureza traumática, por conta de algum acidente ou trauma direto no ombro, ou atraumática, devido à frouxidão articular ou alterações anatômicas congênitas (ausência de alguns ligamentos do ombro desde o nascimento).

O diagnóstico da lesão geralmente é simples, a começar que o ombro luxado é visivelmente perceptível na maioria dos casos. Porém, é necessário que se faça uma avaliação mais minuciosa. Inicialmente, é feita a investigação da história clínica do paciente e o exame físico, que é realizado na primeira consulta com o ortopedista. Então, podem ser solicitados exames de imagem, como radiografias e ressonância magnética, para complementar o exame clínico.

Quando são identificadas lesões ósseas associadas, lesões do lábio ou dos tendões do manguito rotador, pode ser indicada a cirurgia artroscópica. Além disso, indivíduos que apresentam maior risco de luxação, como alguns esportistas, podem precisar da cirurgia após a primeira ocorrência de deslocamento do ombro, assim como, aqueles que passam por episódios recorrentes de luxação e subluxação (deslocamento parcial ou temporário) e não apresentam melhora com o tratamento conservador.

Cirurgia Artroscópica

O termo artroscopia vem de Arthro = articulação e Scopia = olhar, então, se refere à técnica cirúrgica de olhar dentro de uma articulação. Esse é um procedimento pouco invasivo, que permite o acesso por três a quatro pequenos orifícios, de em média 0,5cm, no ombro, com o uso de equipamentos específicos para a execução das manobras cirúrgicas.

Na cirurgia artroscópica da luxação glenoumeral, são utilizadas cânulas (pequenos tubos) para que o cirurgião consiga acessar o interior da articulação do ombro. Por meio de micro câmera e instrumentos especiais, primeiramente, é realizada uma inspeção de todas as estruturas intra-articulares do ombro, a fim de confirmar o diagnóstico e assegurar que não haja outros problemas não diagnosticados nos exames realizados anteriormente.

Então, confirmada a lesão da cartilagem gleno umeral, se inicia uma raspagem do osso sob a cartilagem danificada, para que, com a sua reconstrução, propicie uma aderência adequada no seu devido lugar. Então, com fins de sustentação e fixação, é introduzido um pequeno parafuso no osso, que é chamado de âncora, de onde saem dois fios para a sutura. O número de âncoras utilizadas depende do tamanho da lesão.

Assim, é possível fazer a passagem do ponto na cartilagem e a sua fixação na âncora, utilizando os fios e os instrumentos específicos. Por fim, com a sutura da cartilagem, também se faz a sutura dos portais (orifícios na pele) e os devidos curativos.

Vale ressaltar a importância desse tratamento, quando houver indicação, para que o paciente volte a ter confiança e firmeza nos movimentos do braço, o que permite o retorno às suas atividades do cotidiano e a realização de alguns esportes. Além disso, quanto mais vezes o ombro sai do lugar, mais facilmente isso acontece das próximas vezes, o que aumenta a lesão óssea e da cartilagem, ocasionando no envelhecimento precoce da articulação. Ademais, sem o devido tratamento, há o risco de agravamento do quadro e o aumento da dor.

Pós-operatório

O tempo de recuperação da cirurgia artroscópica é significativamente menor, em comparação à cirurgia tradicional (aberta), proporcionando também vantagem na cicatrização, uma vez que não há cortes extensos, o que torna as cicatrizes menores. Mas esse período pode variar de acordo com a lesão e o procedimento.

Normalmente, o paciente sai da sala de cirurgia utilizando uma tipoia do modelo Velpeau (estofada), como forma de imobilização, com o propósito de evitar que o braço seja levantado ou se movimente para frente e para o lado. Essa tipoia poderá ser retirada somente para tomar banho e realizar os exercícios específicos do pós-operatório.

Após o banho, o paciente poderá trocar os curativos, utilizando água limpa ou soro fisiológico e uma proteção nas incisões, com uma gaze e esparadrapo tipo micropore ou um Band-aid, para evitar o atrito dos pontos com a roupa. 

É fundamental que no período pós-operatório sejam cumpridas todas as recomendações do seu médico, como:

  • Usar a imobilização de braço pelo tempo indicado pelo ortopedista;
  • Não fazer esforço com o braço do lado operado;
  • Tomar a medicação receitada pelo médico, como analgésicos e anti-inflamatórios;
  • Aplicar compressas frias sobre o ombro na primeira semana, tomando cuidado com os ferimentos.
  • Dormir com a cabeceira da cama elevada;
  • Dormir sobre o outro ombro.

Além disso, é imprescindível iniciar as sessões de fisioterapia após duas ou três semanas da cirurgia, de acordo com a recomendação do seu médico, para recuperar os movimentos e toda a amplitude da articulação.

O risco de o ombro voltar a sair do lugar gira em torno de 3 a 8% de chance, sendo que o resultado dessa cirurgia é bom ou excelente na maioria dos casos. O procedimento é bastante seguro, com baixo risco de infecção, sangramentos ou lesões nos vasos sanguíneos e nervos.

Cuidar da sua saúde e da sua família é um ato de amor.

Agende sua consulta